sábado, 26 de junho de 2010

Moçambique celebra 35 anos de independência com fome

Já passam 35 anos desde que Moçambique se tornou num país independente. Na altura, Samora Machel circulou o país inteiro exibindo a chama da unidade. Guebuza, entretanto, resgatou o mesmo simbolismo, recebendo a chama na Praça da Independência, símbolo da unidade dos moçambicanos em volta do mesmo ideal de lutar e vencer a batalha pelo desenvolvimento do país.

Ontem, como hoje, persistem os mesmos ideais de união, luta e terminação, mas diferem dos actores, dos valores, das circunstâncias e do inimigo. No passado foi o colonialismo e hoje é a pobreza, a corrupção, etc. A pobreza, esta, agrassa cerca de 54% da população moçambicana é pobre.

Na altura em que se proclamou a independência, em 1975,  havia valores de patriotismo, sacrifício, entrega e despojamento. Hoje, somos confrontados pela corrupção a todos os níveis, falta de patriotismo, comodismo, favoritismo, burocratismo, mas continuamos pobres como ontem.

Após anos de conflito armado, Moçambique enfrenta hoje, o inimigo número um que é a deteriorização das condições de vida das suas populações, a falta de emprego e oportunidades para as zonas rurais, onde reside a maior parte de sua população.

Apesar do ambiente político favorável, dos vários esforços do governo e das agências internacionais de cooperação, ainda persiste a fome, a miséria e as desigualdades entre o campo e a cidade, entre as regiões sul, centro e norte, em termos do desenvolvimento humano.


Assim como ontem, Moçambique precisa de aprender com a experiência dos outros povos que venceram a batalha pelo desenvolvimento com poucos recursos, mas muito trabalho e dedicação. Moçambique precisa deixar de olhar para os seus problemas com a ambiguidade e hipocrisia das elites de hoje, lançando o povo na miséria, enquanto uma minoria se apropria e esbanja os poucos recursos que o país detém.

O Plano de Acção de Redução da Pobreza (PARPA) que é o documento que guia a acção do executivo, tendente a reduzir a pobreza e relançar o desenvolvimento deve adoptar numa estratégia realística, que aposte numa agricultura mecanizada que possa criar emprego e aumentar a produção e produtividade dos campos, através do aproveitamento dos imensos recursos hídricos que possuímos; deve apostar na indústria pesada, aproveitando o enorme potencial energético relançado em Tete (carbonífero e hidroeléctrico).

Moçambique deve, por isso, lançar um plano de desenvolvimento regional, olhando para as potencialidades das regiões Norte, Centro e Sul, onde se incluem os corredores de desenvolvimento de Maputo, Beira e Nacala. Um plano que devote bastante atenção para a formação do capital humano, através da capacitação acelerada de operários para os vários sectores da economia, evitando assim que os investidores estrangeiros busquem operários nos países vizinhos em detrimento dos nacionais.

Só com uma visão clara, como no passado, é que poderemos lograr êxitos notáveis no combate a pobreza no nosso país e lançar as bases para o desenvolvimento de Moçambique; só assim mereceremos ser lembrados amanhã como tendo sido esta a "geração da viragem"e não da miragem.

Viva a Independência Nacional!  Vivam os moçambicanos! A luta continua!
(Imagem tirada daqui)                                                                                                                                                                                                         

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