segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Eu sou e não sou carvão

Já que nos meios económicos e empresariais de Tete só se fala em carvão: carvão para cá, e carvão para lá; com as grandes multinacionais do ramo se acotovelando para a exploração deste importante recurso energético; enquanto a população assiste impávida, resolvi recordar "O Grito Negro" de José Craveirinha:

Grito Negro


Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.

José Craveirinha

Foto do Muarramuassando tirada na estrada de Songo

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